Sustentável de cabo a rabo: o case da SuperGround com upcycling de ossos

Sustentável de cabo a rabo: o case da SuperGround com upcycling de ossos

Precisamos falar sobre ossos. Não ossos humanos, não se preocupe, mas precisamos falar sobre esse resíduo da indústria cárnea e sobre como, através do upcycling de ossos, podemos gerar novos ingredientes e inclusive, produzir mais carne.

ossos de animais

Imagem: Medieval Fur

Quem come a carne que roa também os ossos

Já ouviu esse ditado? Pois é, se aplica bem aqui. 

A proteína animal é uma das coisas mais produzidas e consumidas no mundo todo. Faz parte da dieta de milhões de pessoas e no Brasil, por exemplo, cada habitante consome cerca de 24kg de carne bovina anualmente.

O consumo de carne bovina produz grandes impactos ambientais./ Imagem: Food Ingredients

No passado, nossos ancestrais das sociedades caçadores coletores costumavam usar todas as partes dos animais que caçavam como uma forma de reduzir o desperdício, obter mais nutrientes e, até mesmo, demonstrar respeito pelo sacrifício de uma vida.

Então porque agora, na modernidade, deixamos isso de lado?

A verdade é que não precisa ser assim. Já falamos aqui sobre produtos feitos a partir de sangue, mas e os ossos? Se nossos antepassados, com menos recursos e tecnologias, conseguiam aproveitar tudo, nós também podemos. O case da SuperGround ilustra isso perfeitamente. 

SuperGround: frango de osso de frango

Existem mais de 20 bilhões de galinhas vivas na Terra nesse momento. Agora imagine que, todo ano, 66 bilhões de aves são abatidas para o consumo humano.

Onde colocar tantos ossos?

A startup finlandesa SuperGround pensou numa resposta: fazer o upcycling dos ossos de frango para produzir mais frango. 

frango feito de ossos

Frango feito de ossos da SuperGround tem textura e sabor idênticos ao tradicional./ Imagem: SuperGround

Basta um pequeno osso moído. 

Os fundadores da SuperGround descobriram que podiam processar os ossos de frango para que eles pudessem ser adicionados a outros produtos como nuggets e almôndegas. Isso permite reduzir o impacto ambiental de cada quilo de carne e reduz o seu custo.

Como o processo funciona

Uma mistura de proteína vegetal (o grão de bico é um exemplo) e ossos de frango é submetida a um choque térmico e depois passada por uma extrusora para criar uma mistura de ossos e vegetais que pode ser usada para criar pedaços de frango. Assim, o osso vai se tornar indistinguível dos outros ingredientes. 

O diferencial da empresa é que, normalmente, os ossos dos animais na produção de carne são usados para produzir ração animal. 

Com essa tecnologia, será possível e mais lucrativo destinar os ossos do ofício (olha o trocadilho) para alimentação humana. 

Atualmente, a SuperGround tem produzido apenas pequenas quantidades do frango de ossos, mas sua fábrica tem capacidade para expandir a produção de carne upcycled.

Imagem: SuperGround

Upcycling de ossos gera novos pratos em restaurantes

Nesse prato ninguém vai cuspir! Sim, os trocadilhos vão continuar.

Mas o que não vai continuar no restaurante Blue Hill, em Nova Iorque, é o desperdício. 

Se um dia você tiver a oportunidade de fazer uma refeição nesse estabelecimento, talvez a comida não seja o que te deixe a maior impressão. E sim os pratos. 

No Blue Hill, os pratos não são feitos de cerâmica ou louça. São feitos de ossos de vaca, mais precisamente os ossos do próprio gado que abastece o cardápio do restaurante. 

prato feito de ossos de vaca

Os pratos do restaurante são feitos de ossos de vaca./ Imagem: Blue Hill Kitchen

Seguindo a filosofia de aproveitar o animal inteiro como nossos ancestrais faziam, o chef e proprietário Dan Barber teve a ideia de também aproveitar os ossos. Ao encontrar o designer Gregg Moore, Dan encontrou alguém disposto a colocar sua ideia em prática. 

Dan continuaria criando suas vacas, faria o abate, usaria a carne para os pratos do Blue Hill e os ossos seriam repassados a Gregg, que buscou num processo que remonta ao século XIII a inspiração para sua criação.

Primeiro ele ferveu os ossos até que o tecido vivo se transformasse em fosfato de cálcio. Em seguida, adicionou água para formar uma pasta, deixou secar transformou em pó. Mais uma vez, adicionou água e depois jogou caulim na mistura para criar uma substância moldável. Após serem moldadas, as peças foram assadas em um forno elétrico oxidado a 1315º C. 

Imagem: Reprodução – Instagram

Cara de um, ossos do outro: upcycling de ossos também geram novos ingredientes cosméticos

Essa foi a última piadinha, prometo. 

Mas ela serve para te contarmos da última empresa, nesse artigo, que percebeu o potencial do upycling de ossos animais para produzir, dessa vez, cosméticos.

A Sweet Chemistry é uma marca estadunidense de skincare recentemente lançada no mercado e que já chegou inovando.

Imagem: Sweet Chemistry

Seus dois primeiros produtos lançados, o Creme Reforçador de Elasticidade e a Infusão de Óleo-Sérum Reparador contém, cada um, 3% de peptídeo ósseo de vaca.

O fundador da Sweet Chemistry, Alec Batis, era pesquisador químico da L´Oréal e foi nesse período que ele notou a possibilidade de usar os nutrientes encontrados nos ossos da vaca para nutrir a pele humana. A composição óssea desses animais é rica em ferro, vitaminas A e K, selênio e colágeno.

Upcycling na sua empresa

Upcycling é um grande aliado quando o assunto é reduzir perdas e impactos ambientais. Imagine o impacto desse aumento de eficiência na indústria, no mercado e na alimentação da população. 

O que falta para a sua empresa valorizar seus resíduos de produção? Para transformar resíduos em lucro, fale com a Upcycling Solutions hoje mesmo.

 

Referências: Tasting Table, Yahoo, Wired, Food Ingredients First, Agência Brasil

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