Focada em alimentos medicinais, uma start-up israelense descobriu bioativos de interesse em nanopartículas encontradas nos resíduos da produção de queijo.
O soro de leite é um dos maiores resíduos da produção de queijo. No Brasil, o principal destino do leite cru é a produção de queijos, gerando uma enorme quantidade de soro, que pode ser incluído em aplicações feed e food, mas apenas metade dele é utilizada enquanto a outra metade ainda é descartada.
E se fosse possível processá-lo para o segmento farma com maior valor agregado?
A foodtech Israelense Exosomm, investiu em upcycling ao desenvolver um novo método para isolar exossomas, partículas nanométricas encontradas no leite de mamíferos. A criadora do método é a co-fundadora e CTO da Exosomm, Regina Golan-Gerst.
O intuito é criar um novo ingrediente bioativo a partir desses exossomas, com o objetivo de contribuir para o controle de distúrbios metabólicos crônicos.
Para alcançar esse objetivo, a empresa estabeleceu uma parceria estratégica com a Ba’emek Tech, uma produtora de ingredientes lácteos. Por meio dessa colaboração, a Exosomm extrai exossomas a partir dos resíduos reciclados do processo tradicional de fabricação de queijo e evita o descarte inadequado desses materiais.
Utilidade de nanopartículas
As pesquisas lideradas pelo co-fundador da Exosomm, o professor Shimon Reif, resultou na descoberta do potencial terapêutico dos exossomas. Essas pesquisas revelaram que as nanopartículas têm a capacidade de modular distúrbios imunológicos, como a doença inflamatória intestinal e a diabetes em adultos. Além disso, as nanopartículas podem ser integradas como ingredientes funcionais em uma ampla variedade de aplicações de alimentos e bebidas.
Investimento sustentável e medicinal
No entanto, o impacto da Exosomm vai além do desenvolvimento de produtos alimentícios inovadores. A empresa está comprometida com práticas de investimento sustentável e medicinal.
Desde sua fundação em 2021, a start-up já arrecadou $1 milhão em investimentos e seus fundadores continuam a buscar avanços e descobertas inovadoras na área da medicina a partir de alimentos.
Por exemplo, a empresa está atualmente conduzindo pesquisas clínicas sobre o papel dos exossomas no tratamento de condições inflamatórias intestinais, como a colite e a doença de Crohn, sendo que esta atinge mais de 100 pessoas a cada 100 mil habitantes e cuja incidência cresce 12% ao ano no Brasil.
Os exossomas no leite materno
Estudos mostraram que os exossomas presentes no leite materno contêm microRNAs benéficos, que têm um impacto significativo no desenvolvimento e na saúde infantil.
Outra descoberta feita pela equipe da Exosomm é a semelhança na composição de exossomas do leite humano e de outros mamíferos. Esse achado levanta a possibilidade de utilizar exossomas derivados de outras fontes, como o leite de vaca até resíduos da produção de lácteos, como o soro do leite, que naturalmente contém altas concentrações dessas nanopartículas, estimulando a empresa a pesquisar uma forma eficiente e escalável de derivar essas nanopartículas.
Um dos desafios que a empresa enfrentou foi o de transformar a tecnologia desenvolvida em um processo viável comercialmente, por isso o upcycling dos resíduos da produção de queijo foi essencial para vencer essa barreira. Essas descobertas são promissoras para o desenvolvimento de novos produtos e tecnologias na área da nutrição especializada e para torná-las acessíveis a mais pessoas.
A Exosomm continua continua a explorar o potencial dos exossomas e outras nanopartículas na criação de alimentos medicinais e fórmulas alimentares que possam beneficiar milhões de pessoas em todo o mundo.
Referências: Milk Point, Dairy Reporter, Jornal USP, Agência Brasil
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