A cada dia que passa, novas portas são abertas para o upcycling. Com criatividade, tecnologia e vontade de tornar o planeta um lugar mais sustentável, pessoas e empresas do mundo todo têm buscado formas de usar o upcycling para os mais diversos fins, inclusive para produzir cosméticos.
Nesse artigo, vamos te mostrar como o upcycling de cosméticos tem dado uma segunda chance para os resíduos, dessa vez na indústria da beleza.
O natural vende mais
Marcas de todo o mundo já perceberam que o consumidor tem se tornado mais preocupado e consciente. E, por isso, a indústria de cosméticos é a que mais tem apostado em agradar seus clientes com produtos cada vez mais naturais e eco-friendly.
Uma pesquisa realizada pelo Boston Consulting Group com mais de 3000 mil participantes de 70 países, mostrou que 70% dos entrevistados estão mais preocupados com as atividades humanas que ameaçam o meio ambiente.
Analisando o cenário brasileiro, nosso país é o 4º país do mundo que mais consome cosméticos, movimentando cerca de 3 bilhões de reais por ano. A novidade é que a busca por cosméticos naturais se tornou prioridade para um terço da nossa população.
E isso é apenas o começo.
Você já se pegou lendo o rótulo de algum produto de beleza e dando preferência aos que afirmam que não possui sulfato, nem parabenos ou petrolatos? Você não está sozinho nessa!
É aqui que o upcycling entra como uma forma de fabricar cosméticos mais naturais e melhorar a sustentabilidade na indústria.
A Europa como pioneira no upcycling de cosméticos
Foi somente em 2016 que começaram a surgir, no Reino Unido, empresas de cosméticos upcycled. Pode ser surpreendente essa demora porque, para nós hoje, é uma questão de lógica.
A laranja, como sabemos, é rica em vitamina C e estimula a produção de colágeno na pele, hidrata o cabelo, ajuda no crescimento e ainda reduz a caspa. Então, nada mais óbvio do que uma empresa de cosméticos utilizar esse resíduo para produzir hidratantes, xampu, condicionador, protetor solar etc. Certo?
A empresa britânica My Skin Feels foi uma das primeiras a perceber essa oportunidade e se aventurar no upcycling.
Atualmente, a empresa produz cosméticos de skin care utilizando o sumo do bagaço da tangerina que é descartado na produção das bebidas industrializadas. A marca afirma que oito quilos de resíduos dão origem a um litro de ingredientes e, melhor ainda, não precisam adicionar água aos seus produtos.
A My Skin Feels incorporou ainda cascas de tomate vindos de resíduos de ketchup, repletos de antioxidantes, bem como resíduos de aveia, conhecidos por suas propriedades calmantes.
Outro exemplo europeu é a empresa francesa chamada Cultiv. Como já falamos por aqui, uma das maiores razões do desperdício de frutas e verduras é a “beleza” dos alimentos.
Os vegetais e frutos “feios” quase sempre vão para o lixo porque vendem mal. A Cultiv fez parcerias com vários agricultores de cooperativas do país para valorizar esses resíduos.
Assim, a Cultiv desenvolve cosméticos à base de beterraba, centeio e chicória.
Marcas grandes já estão aderindo
Até agora só mencionamos empresas “pequenas” e bem nichadas e que, provavelmente, você nunca tinha ouvido falar até agora.
Mas agora vamos falar de uma que você com certeza conhece. A Garnier é uma ramificação da francesa L’Oréal que produz cosméticos para pele e cabelo. E já está investindo em upcycling de cosméticos. Começando pelas embalagens e então a composição dos produtos.
O produto escolhido para isso foi a água micelar, cuja garrafa é feita a partir de resíduos de poliéster provenientes da indústria de moda. A embalagem upcycled foi criada em parceria com a empresa canadense Loop, uma start-up que desenvolveu o processo que converte o poliéster em resina.
O desperdício vira perfume
Pode parecer contraditório, utilizar resíduos para fabricar um produto que normalmente é feito com ingredientes mais “nobres”, como flores e sândalo. Entretanto, como outros produtos de beleza, o que tem atraído mais os consumidores são as opções naturais e artesanais.
Na Symrise, perfumes frutais que, antes eram frequentemente produzidos de forma sintética, agora podem ser criados artesanalmente utilizado resíduos de laranja, mirtilos, morangos, dentre outros.
Upcycling de cosméticos no Brasil
Quem disse que não existem empresas brasileiras que apostam no upcycling para fabricar seus produtos de beleza?
A Ziel foi pioneira nesse ramo no Brasil. Seus produtos são feitos com resíduos da indústria vinícola. As cascas e as sementes são descartadas, e são justamente essas partes que são, na verdade, ingredientes nobres para cuidar do cabelo e da pele.
Segundo a fundadora da marca, “a maioria das marcas convencionais utiliza derivados do petróleo, algo sintético que não tem biocompatibilidade com a pele. Já os cosméticos naturais utilizam óleos vegetais na composição. Assim, tudo o que é natural é muito rico em fitoativos, e tudo o que for vegetal é possível usar no upcycling porque toda a planta tem uma casca, raiz ou folha repletas de óleos, fibras e ceras. Na natureza tudo se reaproveita. O ser humano é que criou o lixo.”
Inúmeras possibilidades
Por fim, a verdade é que, como já dissemos, todos os dias surgem novos produtos que se tornam possível através do upcycling. Não só cosméticos, mas também alimentos, roupas, acessórios, material de construção, itens de decoração e a lista continua.
O resíduo vira matéria-prima.
Mas e você conhece ou usa algum produto de beleza que é upcycled? Então conta pra gente aqui nos comentários!
Fontes: Beauty Fair, Panorama Farmacêutico, PUC SP, Cosmetics Design, Vogue, Premium Beauty News, Loreal
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