Talheres passam a vida iguais, mas será que foi sempre assim? Será que no futuro continuaremos usando os mesmos utensílios e da mesma forma?
A gente aqui adora talher, inclusive o logotipo deste blog tem três deles (já reparou?). Fazia tempo que eu queria falar sobre isso, 5 anos, pra ser mais exata. Já falamos das facas mais criativas aqui, garfo com liberação de aroma aqui e até dos primórdios dos talheres comestíveis aqui.
Se pensarmos que no futuro comeremos apenas pílulas, talvez a gente nem precise mais de talheres. Se continuarmos comendo, mesmo comida de laboratório, precisaremos manusear sem sujar as mãos, contaminar o alimento ou nos queimarmos com comida quente.
Para começo de conversa, desde quando usamos talheres?
Os talheres começaram como ferramenta e gradualmente se tornaram algo que apenas pessoas ricas usavam (a ostentação já era presente na nossa história!) A faca é a mais antiga, porque era essencial na caça. O segundo talher foi a colher, sendo que as primeiras eram feitas de argila, cascas de nozes ou conchas. O garfo é o mais recente. Os primeiros tinham dois dentes e eram usados para servir carne.
Os talheres como conhecemos hoje se ppularizaram a partir do século XVIII e ganharam variações. Há faca para carne, para peixe, uma para frutas e até para manteiga. O mesmo podemos dizer da colher e do garfo, são tantos que é difícil encontrar quem saiba usar todos eles.
Explorando formatos
Já falamos da colher “perfeita” para mexer café aqui e, curiosamente parece haver um talher ideal para tudo, inclusive para mexer sorvete:
Os talheres ‘Rething‘ são uma releitura do tradicional, cada utensílio pode ser usado de várias maneiras dependendo do lado em que são segurados. O mais bacana é que eles acomodam diferentes culturas para que os comensais usem o que for mais confortável para si. Outra junção de talheres é o spork, misto de garfo com colher da marca dinamarquesa Hardanger. Há ainda o One Plus Three, projeto vencedor do European Product Design Award, em que cada talher pode ser separado para ser usado como talher ocidental ou como hashi, outra solução multicultural.
Incluindo através dos talheres
A evolução de uma sociedade implica atender não apenas à maioria, mas ser inclusivo e atender a todos. Já pensou como deficientes visuais diferenciam seus utensílios? A coleção Eatsy (à esquerda) é simples e multifuncional, feita para não escorregar para dentro do prato. Os talheres Leaven Range (à direita), de Simon Kinneir, são ajustados para uma experiência tátil do talher certo na posição correta.
Descartáveis vs duráveis
Talheres upcycled
Se desperdiçam milhões de toneladas de alimentos no mundo e, ao mesmo tempo, se produzem milhões de descartáveis. O estúdio Barbara Gollackner criou utensílios descartáveis de resíduos de alimentos de indústrias e restaurantes para resolver o problema. Misturam-se os resíduos seco ou cozidos com cogumelos, formando uma pasta lisa, que é a matéria-prima para a impressora 3D.
Outro exemplo de upcycling é o da fabricante de lâminas de barbear Albatross, que transforma o aço das lâminas usadas pelos clientes em talheres.
Deveríamos repensar os talheres sem precisar reinventar a roda, pensar em mais soluções inclusivas, com menor impacto ambiental e acessíveis a todos. E sobre aquela velha previsão de que no futuro comeremos pílulas, ela é possível mas pouco provável. Comer é mais que o simples ingerir de nutrientes, tem uma dimensão social, educativa, cultural. Enquanto tivermos o prazer de partilhar uma refeição à mesa, temos uma excelente razão para continuar a usar talheres no presente e no futuro.
Referências: Hardanger Bestikk, Deutsches Historisches Museum, Yanko Design, Dezeen, Yanko Design, Fine Dining Lovers, Mold, Oddity Central, Yanko Design
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