Tecnologia inovadora transforma resíduos lácteos em ingredientes valiosos na indústria por meio da programação celular e biotecnologia.
O consumo de leite no Brasil é significativo, com os brasileiros consumindo, em média, 32,2kg de produtos lácteos por ano, segundo informações do IBGE. Contudo, essa alta demanda gera também um grande volume de resíduos. Estima-se que a cada um quilo de queijo produzido, sejam gerados de 6 a 9 litros de soro de leite. Ele também é o resíduo lácteo de maior impacto ambiental das indústrias de laticínios.
Enxergando o copo meio cheio
Em vez de enxergar um problema, a Ginkgo Bioworks, empresa de biotecnologia norte-americana, enxergou nesse cenário uma oportunidade. Através do upcycling desses resíduos utilizando uma nova tecnologia será possível transformá-los em novos insumos industriais.
Baseada em programação celular, a tecnologia está sendo desenvolvida pela Ginkgo Bioworks em parceria com a Foremost Farms USA. Ambas americanas, as empresas prometem revolucionar o upcycling de produtos lácteos e transformar o cenário da indústria láctea.
Embora o processamento de resíduos como soro e lactose não seja nova, o processo pode ser caro, intensivo em energia e inacessível a produtores que não podem arcar com o investimento em equipamentos ou espaço. É aqui que entra a nova tecnologia.
O método
A tecnologia se concentra no desenvolvimento de enzimas mais eficientes para a produção de proteínas, incluindo sequências proteicas idênticas às naturais.
A empresa utiliza engenharia de organismos para criar cepas de leveduras e fungos filamentosos projetando o metabolismo desses organismos para decompor resíduos lácteos e transformá-los em insumos industriais valiosos, criando novas fontes de receita para a empresa de laticínios.
Este método de programação celular não só permite a redução de custos com a disposição dos resíduos lácteos e aquisição de novos insumos, mas também promove a economia circular, ajudando as empresas a fecharem o ciclo em suas cadeias de fabricação e fornecimento, resultando em benefícios econômicos e ambientais significativos.
O projeto, cujos detalhes ainda estão sendo mantidos em sigilo, promete a possibilidade de que a Foremost Farms faça o upcycling de milhões de toneladas de resíduos da produção de lácteos a cada ano.
Avanços
A parceria entre a Ginkgo Bioworks e a Foremost Farms USA representa um avanço significativo na sustentabilidade da indústria de laticínios. Utilizando tecnologia de ponta para o upcycling de resíduos lácteos, essas empresas estão liderando o caminho para um futuro mais verde.
A valorização de resíduos como recursos valiosos não só reduz o impacto ambiental, mas também abre novas oportunidades econômicas para as empresas. À medida que a tecnologia avança, espera-se que a adoção desses processos se torne uma prática comum, beneficiando tanto a indústria quanto o meio ambiente.
Com essa tecnologia, a indústria de laticínios pode reduzir significativamente sua pegada de carbono, economizar custos e explorar novos mercados, contribuindo para um sistema alimentar mais sustentável e eficiente.
Referências: Dairy Reporter, Portal E-food
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