Em muitas partes do mundo, a única maneira de consumir água segura é pela fervura. E se pudéssemos transformar água suja em potável com um pequeno chip? Agora é possível.
Já falamos sobre o bloco feito de cascas de laranja (aqui) e sobre o livro com páginas que purificam água aqui, agora trago novidades: pesquisadores do Laboratório SLAC da Universidade de Stanford criaram um dispositivo nanoestruturado que desinfecta a água.
O contato com a luz solar desencadeia a formação de peróxido de hidrogênio e outros produtos químicos desinfetantes que mataram mais de 99,999% das bactérias em apenas 20 minutos. Basta colocar o pequeno retângulo, que parece um pedaço de vidro preto, na água e deixar sob o sol.
A superfície do dispositivo possui nanoflocos de dissulfeto de molibdênio, um catalisador da reação. Todo material utilizado é barato e fácil de manipular. O método, porém, não remove poluentes químicos da água, é melhor utilizar apenas para descontaminação bacteriana.
Outra inovação que transforma água suja em potável é a bioespuma de óxido de grafeno e celulose, que purifica e dessaliniza a água. A criação de engenheiros da Universidade de Washington em St. Louis também requer exposição à luz solar e pode ser de grande ajuda em países como Índia e Bangladesh, em que ter água limpa é uma questão crítica.
Uma solução upcycled
Pra fechar com chave de ouro, mais uma inovação: filtro que remove metais pesados da água. A membrana do filtro é um híbrido de dois materiais de baixo custo, sendo um deles resíduo da produção de queijo (sim, upcycling acontece onde menos se espera!): fibras de proteína de soro de leite e carvão ativado. Criada pela empresa ETH Zurich, também elimina cianetos tóxicos da água e fornece uma maneira simples de filtrar e recuperar ouro. O lucro gerado pelo ouro recuperado é mais de 200 vezes o custo da membrana híbrida.
A água contaminada é extraída através da membrana por vácuo e pode ser usado em grandes volumes. Um quilo de proteína de soro seria suficiente para purificar 90 mil litros de água.
Água limpa deveria ser um direito de todas as pessoas do mundo, infelizmente em algumas regiões ainda é um privilégio.
PS: Artigo originalmente escrito em 10/06/2017 e publicado aqui em 02/01/2024.
Referências: Green Savers, More inspiration, Futurity, ETH Zurich, Ciclo Vivo, Rapid water disinfection using vertically aligned MoS2 nanofilms and visible light, Bilayered Biofoam for Highly Efficient Solar Steam Generation, Amyloid–carbon hybrid membranes for universal water purification
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