Desenvolvido na Itália pela startup do mesmo nome, Orange Fiber é um tecido de laranja, feito a partir de resíduos de citrinos. O resultado é um “creme de vestir”, ou seja, peças que hidratam a pele e cujo efeito dura até vinte lavagens.
Gostamos tanto de tecidos feitos a partir de sobras alimentares que criamos uma série de posts inteiramente dedicada ao assunto (aqui, aqui e aqui) e depois foi a vez do tecido de beberraba (aqui). Este aqui é novo, é um tecido de laranja, feito das cascas que são descartadas pela indústria.
Uma laranja é composta por apenas 50% de polpa. Isto significa que só em Portugal 100.000 toneladas de fruta são resíduos de casca todos os anos. Esta sobra é utilizada para a extração de celulose necessária à produção do fio similar ao da seda. A fibra do tecido possui ainda nanocápsulas de óleos essenciais de citrinos, que contêm vitamina C e se dissolvem na pele aos poucos, nutrindo-a enquanto a veste, daí a expressão “creme de vestir“.
Patenteado, o produto ganhou o prêmio Global Change Award da H&M Conscious Foundation 2016 que vai permitir à empresa expandir as suas operações. Por enquanto só está disponível em três cores: branco, creme e laranja, porém a perspetiva é de crescimento.
A startup, fundada em fevereiro de 2014, por duas estudantes italianas, hoje conta com 5 membros e passou por um programa de aceleração de startups. Eles continuam a desenvolver pesquisas nesse setor e a criar coleções de roupas ecológicas para expandir e chegar a novos mercados.
Infelizmente o tecido ainda não chegou aqui, mas já sinaliza um futuro sustentável para a moda e para os alimentos, atendendo à demanda mundial por uma indústria têxtil mais verde, ou neste caso, mais laranja.
Publicado originalmente na minha coluna da revista i9 magazine em 04/04/2016 e atualizado em 28/09/2017.
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