Como essa startup recebeu US$6 milhões de investimento em upcycling

A startup norte-americana Planetarians recebeu US$ 6 milhões de investimento em upcycling para escalar sua produção de proteína. Saiba como aqui!

O início

Aleh Manchuliantsau e Max Barnthouse fundaram a Planetarians em 2013 como uma empresa de bebidas nutricionais. Sim, é muito distante do que a empresa produz agora, mas você já vai entender o porquê.

Iniciaram a empresa com 500 dólares e chegaram a vender 1 milhão de unidades, mas competiam com players muito maiores, como Soylent, que contava com muito mais investimento para crescer, então eles se concentraram na seguinte questão:

“como contra-atacar sem ser mitigado por outra injeção de dinheiro?”

Analisando o custo dos ingredientes de suas bebidas, eles perceberam que o item mais caro era a proteína. Enquanto uma tonelada métrica de proteína de soja custava 5.000 dólares na épocam enquanto seu subproduto custava apenas 300 dólares, pois era considerado um resíduo. A partir daí iniciaram uma incursão pelos ingredientes upcycled.

O primeiro investimento em upcycling

Começaram com torta de girassol (torta é o resíduo que sobra quando é extraído o óleo, neste caso, de girassol) transformando em chips, mas a textura não era satisfatória. Passaram a trabalhar com a Barilla e colocaram esse resíduo na massa do macarrão, mas a cor escura era um problema.

Torta de girassol

Chips Planetarians

Onde a cor escura não importa?

Se você está pensando que é aqui que a empresa passou aos substitutos de carne, acertou! Eles começaram a usar esse insumo para fazer fermentação em estado sólido, processo que utiliza fungos para transformar carboidratos residuais das tortas de óleo vegetal em proteína. Essa proteína seria usada na produção de hambúrgueres, mas veio a pandemia e eles se viram novamente com um problema financeiro. A nova pergunta passou a ser:

“E se pudéssemos obter os benefícios da fermentação, mas sem fermentação?”

O que cerveja tem a ver com costela vegana?

Passaram a procurar o que já existia no mercado, foi quando encontraram a levedura cervejeira, que geralmente é descartada depois de fermentar os açúcares na produção de álcool. Seus primeiros protótipos usando torta de girassol com levedura da produção de cerveja resultaram em um produto com sabor umami, textura e cor desejáveis.

Cortes inteiros são uma vantagem em relação à maioria das proteínas vegetais que imitam carne moída, mas não conseguem replicar um bife. Sua formulação com ingredientes upcycled tornam sua pegada de carbono cerca de 50 vezes melhor que a da carne animal e 9 vezes melhor que de outras carnes à base de plantas.

O investimento em upcycling resultou nisso: isso é feito de levedura de cerveja e torta de girassol!

Ao todo foram 7 anos de pesquisa e desenvolvimento para trabalhar com diversos ingredientes que são possíveis para proteínas à base de plantas. Até perceberem que a levedura de cervejarias poderia se combinar com proteínas, fornecendo sabor e textura com custo baixo e formulação clean label.

Quando você fermenta a cerveja, o produto-alvo é o álcool, não o fermento, o que é um problema para cervejarias como a AB InBev para descartar. Não pode ir para o lixo comum, pois é bioativo, mas é um resíduo limpo e é fonte de proteína. Em 2021 a AB InBev concordou em dar à Planetarians sua levedura sob a condição de que ela pudesse investir na empresa.

Enfim o dinheiro chegou

A Planetarians passou por uma nova rodada, encontrou fundos dispostos a fazer investimento em upcycling e conseguiu levantar 6,7 milhões de dólares incluindo o fundo da AB Inbev. O dinheiro será usado para construir a fábrica e aumentar as vendas. O plano é trabalhar com a AB Inbev para produzir junto a todas as cervejarias da gigante ao redor do mundo.

Fontes: Tech Crunch, Ellen Macarthur Foundation, Green Queen, The Spoon, SG Voice, Veg News