O mercado de proteínas está fervilhando de lançamentos. Como nem só de proteínas tradicionais o mundo é feito, trazemos aqui 7 proteínas alternativas que você provavelmente ainda não conhece.
O consumo de carne está em queda no mundo. Isso é comum durante recessões da economia, mas neste caso a demanda está caindo em países onde se consome tradicionalmente a carne bovina, como o Brasil. Seja por questões econômicas, de saúde ou sustentabilidade, a população tem consumido mais proteínas alternativas e essa mudança vai remodelar a indústria alimentícia.
Mesmo as proteínas à base de plantas, consideradas sustentáveis, não são todas iguais em termos de impacto ambiental. Elas possuem rendimentos diferentes e há casos relacionados ao desmatamento e aquecimento global.
Vem desbravar as novas proteínas alternativas!
Lemna
A planta aquática lentilha-d’água, também conhecida como lemna ou erva-de-pato, supera a proteína de ervilha em valor biológico e dobra de massa a cada 36 horas, tornando-a altamente escalável.
As startups norte-americanas Lemnature Aquafarms e Plantible Foods produzem ingredientes à base de lemna e a Akua a utiliza em seu Kelp Burger, hamburguer misturado com algas:
Repolho e brócolis
A companhia Naylor Farms, do Reino Unido, está construindo uma fábrica para extração de proteína de repolho. Após 4 anos de pesquisa com cientistas holandeses, desenvolveram processo patenteado de “prensagem a frio” que extrai proteínas, fibras e xarope umami.
Como eles já são produtores de repolho, a fábrica aproveitará todo o potencial de upcycling dos talos, folhas e aparas que costumavam descartar. De acordo com a empresa, 150-200 toneladas de repolho podem ser cultivadas em um hectare de terra, em comparação com apenas 4 toneladas de soja.
Já a também britânica Upp está investindo no upcycling com a extração de proteína de caules e folhas de outra brássica, o brócolis.
Ar
A cientista Lisa Dyson se inspirou em pesquisas realizadas pela NASA na década de 1960, que exploravam maneiras de alimentar astronautas em missões a Marte para criar uma proteína feita do ar. Ela é fundadora da Air Protein, que produz proteína usando apenas micróbios, água e ar. Os microorganismos consomem gás carbônico em tanques de fermentação e produzem proteínas que são colhidas, secas e transformadas em farinha, que é base para diversos produtos.
As startups Solar Foods, Arkeon Biotechnologies e Deep Branch também estão na corrida pelas proteínas a partir de gás carbônico do ar. O tema é promissor, mas ainda falta ganhar escala.
Canola
Você já consome óleo de canola, mas e a proteína? Limitar seu potencial ao óleo desperdiça a oportunidade de usar a proteína da semente de canola. A canadense Merit Functional Foods obtém essa proteína por um processo patenteado de filtragem que remove impurezas e sabores indesejados. A DSM é outra a investir, sua proteína é upcycled, feita a partir do farelo de canola, subproduto da produção de óleo.
Krill
Krill é um crustáceo altamente nutritivo, semelhante ao camarão. A norueguesa Aker Biomarine lançou recentemente a Invi, proteína hidrolisada de krill, depois de 5 anos de pesquisa. O resultado é um processo de extração do óleo ômega 3 e posterior produção da proteína a partir da farinha de krill desengordurada.
Resíduos de cerveja
A produção de cerveja gera resíduos como o malte e a levedura, que geralmente são jogados fora, mas ambos podem se tornar matérias-primas para a indústria de alimentos (como adoramos upcycling em cerveja, tem mais aqui e aqui).
A startup francesa Yeasty transforma levedura não utilizada em proteína. A matéria-prima é processada para remover seu sabor amargo e se transformar em ingrediente para novos produtos. Além de ser fonte de aminoácidos, fibras e vitaminas, o ingrediente tem um preço acessível.
A Evergrain, startup da AB Inbev, utiliza outro resíduo, o malte de cevada, para produzir proteína. O ingrediente não é a primeira iniciativa de upcycling da empresa, em 2021 eles lançaram Take Two, bebida vegetal de malte.
Resíduo de Gergelim
Gergelim não serve só para pães de hamburguer, ele também serve para uso em produtos para a pele. A empresa japonesa Seiwa Kasei desenvolveu Sesaqua, proteína hidrolisada upcycled feita do resíduo da produção de óleo de gergelim. Ela possui efeito hidratante e clareador, daí seu uso em cosméticos.
E se pudéssemos criar novas proteínas?
Em 2020 o laboratório de inteligência artificial DeepMind criou a AlphaFold, ferramenta que, através de machine learning, pode prever as formas das proteínas de organismos como bactérias, plantas e humanos. Em 2022 ela passou a prever as formas de todas as proteínas conhecidas pela ciência.
Proteínas consistem em centenas a milhares de aminoácidos ligados em cadeias, que se dobram em formas tridimensionais. Tradicionalmente se ajustam aquelas que já ocorrem na natureza. A nova ferramenta, ProteinMPNN, abrirá um novo universo de proteínas possíveis, auxiliando no desenvolvimento de vacinas, novos materiais e até alimentos.
Se você pensa que já exploramos todas as proteínas alternativas possíveis para a alimentação, saiba que ainda vem muita inovação para sacudir o planeta e a sua alimentação.
Fontes: Nasdaq, Science, Smithsonian Magazine, MIT Technology Review, The Choice, Nutrition Insight, Food Navigator, Food Ingredients First, The Beet, Springwise, Green Queen, Cosmetics Business, European Comission, Beef Point, CNN, Food Hack, Vegconomist, Financial Times
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