A ditadura da beleza atinge até os alimentos. Quantas vezes você rejeitou um tomate com formato estranho? E se invertessemos esse padrão? Será a vez dos vegetais feios?
Comemos primeiramente com os olhos, mas em se tratando de alimentos, a beleza interior importa muito. Já são vários os estabelecimentos engajados na venda dos desfavorecidos. Na Inglaterra, em que 1,3 bilhão de toneladas de alimentos viáveis para consumo são jogados fora todos os anos, e até 40% da produção vegetal do país não chega ao consumidor por não atender às exigências estéticas dos supermercados, a rede Tesco lançou o projeto “Wonky Vegetables” (em português seria algo como: vegetais estranhos), que entrega aos clientes em casa semanalmente vegetais feios, porém frescos. Lá, outros supermercados passaram a dar descontos aos consumidores que adquirirem os produtos fora do padrão. Com apoio de celebridades como o chef Jamie Oliver, essas campanhas tomaram força.
Em Portugal o cenário é parecido, 30% das frutas do país são descartadas. Vem de lá a cooperativa de consumo “Fruta Feia” (falamos dela aqui), cujo principal objetivo é comercializar essa produção desperdiçada e ainda criar um movimento para alterar esses padrões estéticos de consumo. Esse novo mercado é bom para todos e diminui o gasto de recursos naturais em alimentos que iriam para o lixo. Já são mais de 16 toneladas de fruto-hortícolas entregues por mês! Este projeto é parecido com o espanhol Espigoladors, que recolhe esses alimentos e distribui a famílias necessitadas, cozinhas comunitárias e transformado em sopas e compotas, vendidas pela marca do projeto, a Es Im-perfect.
Outra iniciativa sensacional é a startup inglesa ChicP, que produz uma linha de hummus (pasta árabe feita com grão-de-bico) com vegetais crus. Todos os produtos levam vegetais feios e são saudáveis, coloridos e principalmente, saborosos.
Deixo aqui o vídeo não tão novo da campanha “Inglorious Fruits and Vegetables“ da rede francesa Intermarché. Quando será que teremos um sistema em que o hortifruti será classificado apenas por sua qualidade e não por sua aparência?
Referências: Digital Trends, The Guardian, Folha de São Paulo, The Greenest Post
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