E se em vez de contar calorias, contássemos emissões de carbono? Nem vegana, nem carnívora, a dieta que promete salvar o planeta é a climatariana.
Algumas pessoas enxergam no veganismo uma solução para ter uma alimentação mais sustentável. Outras apostam no invasorismo. Mas se eu te disser que a mais sustentável pode ser a dieta climatariana?
Veganismo: ser de origem vegetal não significa ser sustentável
A dieta vegana tem sido apontada, nos últimos anos, como a melhor para o planeta em comparação àquelas que incluem produtos de origem animal. Porém, ser de origem vegetal não necessariamente significa ser sustentável.
Sim, não há dúvida de que a pecuária, contribui para as emissões de gases de efeito estufa. Mas, a verdade que alguns que escolhem o veganismo preferem ignorar é que alguns alimentos à base de plantas também têm um preço elevado para o ambiente.
Aliás, uma dieta vegana causa uma maior demanda da produção agrícola e isso pode levar à perda de importantes materiais genéticos vegetais e animais. Além disso, pode aumentar a pressão sobre os recursos hídricos e do solo. E por fim, agravar os problemas com os resíduos da produção agrícola.
Já há uma grande conversa sobre os vegetais feios, por exemplo, que são comumente descartados por não serem considerados bons para a venda. O veganismo não escapa impune disso.
Mais problemáticas
Também não podemos deixar de lado a questão do transporte. Muitas frutas e vegetais são importados de outros países ou mesmo de estados distantes, esses alimentos viajam milhares de quilômetros antes de chegarem a nossa mesa. O transporte, principalmente aéreo e rodoviário, emitem uma grande quantidade de gases de efeito estufa na atmosfera.
Ademais, grandes quantidades de alimentos perecíveis são desperdiçadas no trajeto, estima-se que quase 50% não chegue ao destino.
Para criar espaço suficiente para o plantio de algumas espécies, há aumento no desmatamento para criar áreas de terra arável.
O abacate, por exemplo, é o maior gerador de receita agrícola no México. Mas, em compensação, é também a causa do maior índice de desmatamento no país.
Invasorismo também não é a resposta
Esse é outro tema que também já falamos por aqui: comer espécies invasoras pode ser de grande ajuda ao planeta e ao equilíbrio na natureza. Porém, essa é uma ajuda que não é permanente.
Entretanto, apenas uma parte dessas espécies é segura para consumo humano. Também é pedir demais aos consumidores que comam até o último caranguejo verde ou peixe-leão.
Além disso, digamos que você tenha comido todas as vespas assassinas invasoras, e agora? Como fica sua dieta a longo prazo?
Dieta climatariana: a nova aposta
Também chamada de dieta climática, essa forma de se alimentar é, em primeiro lugar, menos rígida que o veganismo, por exemplo.
Porque se concentra na ingestão de alimentos que causem o menor dano ambiental possível. Ou seja, alimentos upcycled estão liberados nessa dieta 😉
Quem segue a dieta climatariana costuma ser chamado de climático, e são pessoas que estão conscientes de como os alimentos são produzidos, processados e transportados, por isso evitam alimentos que:
- Requeiram grandes quantidades de recursos naturais como água;
- Contribuam para a poluição;
- Cuja produção emita gases de efeito estufa;
- Causem acidificação dos oceanos;
- Use embalagens excessivas ou não biodegradáveis;
- Causem desperdício;
De resto, está tudo liberado!
Protege o planeta e a sua saúde
Não é só o meio ambiente que vem sofrendo com a nossa irresponsabilidade climática, nossa saúde também. As altas temperaturas causam problemas como insolação, desidratação e infecções respiratórias como a sinusite.
O aquecimento global também ameaça a qualidade dos alimentos que chegam à nossa mesa. Isso sem falar nas catástrofes naturais que causam mortes todos os anos, estamos falando dos incêndios florestais, as enchentes e inundações.
O que eu posso comer na dieta climatariana?
Essa deve ser a principal pergunta na sua cabeça agora. Afinal, o que as pessoas que seguem essa dieta podem comer?
A dieta climatariana tem tudo a ver com pesquisa e precisão. Por isso, normalmente, os climáticos dão preferência ao que chamamos de “comer sazonalmente”, ou seja, comer os alimentos da estação, e obter sua comida de produtores locais.
É mais simples do que parece e há outros princípios básicos:
- Comer menos carne;
- Peixe só se for da pesca sustentável;
- Não desperdiçar comida;
- Escolher alimentos da estação;
- Evitar alimentos que precisaram pegar um avião para chegar até o seu prato;
- Plantar o que puder plantar;
- Escolher carne local e orgânica;
- Evitar alimentos cultivados em estufas aquecidas;
- Dar preferência a alimentos frescos (inclusive os “feios”);
- Fazer compostagem dos seus resíduos alimentares;
- Evitar os alimentos cheios de embalagens plásticas;
- Abandonar os descartáveis;
- Comer moderadamente;
- Escolher produtos locais;
É proibido proibir
A sustentabilidade passa pela nossa dieta, porém dietas restritivas demais acabam não sobrevivendo no longo prazo, já que os adeptos desistem por não conseguir manter o progresso.
Talvez esse seja o maior diferencial da dieta climatariana. Ela não é uma lista de “alimentos proibidos”, mas sim um apelo para que as pessoas considerem o impacto ambiental das suas escolhas alimentares e façam ajustes.
Assim, se você der preferência aos produtores locais, não usar descartáveis, fizer compostagem e escolher alimentos da estação, já está fazendo uma grande diferença.
Por fim, não esqueça também dos alimentos upcycled, que caem como uma luva na filosofia dessa dieta!
Referências: Huffing Post, Climatarian, Health, Food and Nutrition, The New York Times, Metro, BBC, Food Print
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