Teff é o cereal sem glúten super nutritivo que está conquistando adeptos no mundo todo. Mas será que seu consumo só traz benefícios? Claro que não! Saiba tudo sobre o novo queridinho das dietas aqui no Eat Innovation.
O teff (Eragrostis tef) é um cereal consumido há séculos na Etiópia, mas que só agora, ficou famoso e puxou o desenvolvimento de muitos novos produtos. O porquê da fama repentina? Explico: é um cereal sem glúten, que substitui com sucesso trigo e até cevada em várias aplicações alimentares.
Tem um excelente equilíbrio de aminoácidos (incluindo todos os 8 aminoácidos essenciais para os seres humanos), alto teor de fibras, cálcio, ferro, zinco, entre outros. Auxilia no controle do diabetes e na prevenção do câncer de cólon. Ele tem um bom potencial para ser usado em alimentos e bebidas em todo o mundo, sendo um ingrediente promissor para a indústria.
É versátil, pode ser consumido cru como um snack, adicionado em bebidas e iogurtes como um cereal matinal, como base para um “leite vegetal”, tostado semelhante a uma pipoca. Além da utilização como base para a produção de cerveja e em farinha para pães, massas e mingaus. Já é considerado “a nova quinoa”.
Mas como nem tudo são flores, essa demanda crescente traz alguns problemas. Este é o cereal mais importante na alimentação dos etíopes e o aumento nas vendas para outros países fez com que o preço no mercado interno disparasse, tornando-o inacessível à população local. O governo então bloqueou as exportações. Atualmente há algumas plantações em Israel, Portugal e na Grécia. O mesmo fenômeno ocorreu com a quinoa, que afetou profundamente a população da Bolívia, porém não houve qualquer intervenção e muitos não consomem mais por não conseguirem pagar.
“Colombização” é o nome dado quando o Ocidente “descobre” algo que outros povos já conhecem há séculos (em referência a Cristóvão Colombo quando “descobriu” a América, mas encontrou povos nativos que já viviam nessa terra). A quinoa, o óleo de coco, a maca peruana e tantos outros produtos também foram “colombizados”.
A popularidade súbita causa ainda outros problemas além do desequilíbrio na dieta local (no Peru a quinoa já custa mais que frango!). Há perda da diversidade na agricultura que deixa de produzir variedades para se dedicar à monocultura do alimento mais procurado. E ainda práticas inescrupulosas como desmatamento, apropriação de terra e exploração do trabalhador.
É um exemplo preocupante de “intercâmbio entre culturas prejudicial, com consumidores bem-intencionados movidos pela ética e pela saúde a criarem, involuntariamente, pobreza do outro lado do mundo.”
E então, como tornar este comércio bom para os dois lados?
Controlando a exploração e exportação, dando licenças limitadas para empresas, fiscalizando o comércio ilegal, educando os agricultores para modernizar suas técnicas e ter maior produtividade, aumentando sim a produção, mas com responsabilidade.
Aí sim teremos mais alimento pra todos e claro, mais produtos inovadores surgirão!
Referências: Honestly Healthy, The Uniplanet, The Guardian
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