Você já comeu fruta-pão? Essa parente próxima da jaca é muito mais versátil, nutritiva, inovadora e importante do que pode parecer num primeiro momento.
Mesmo não sendo a mais popular entre as frutas, esse alimento tem um incrível potencial de se tornar um queridinho no mundo agrícola, na segurança alimentar e na sustentabilidade. Inclusive, ela é estudada como uma solução para o problema da fome no mundo, acredita?
Por que a fruta-pão é é um alimento do futuro?
Antes de mais nada, não estamos falando aqui de um pão que dá em árvores (perdão pela piada), mas sim de uma fruta que cresce até ficar quase do tamanho de uma bola de vôlei e possui em sua poupa uma quantidade enorme de amido.
Esse amido, por sua vez, pode substituir o arroz ou a batata. Assim como esses dois alimentos, a fruta-pão não contém glúten, além de ser rica em fibras, antioxidantes, potássio e cálcio.
Além disso, o cultivo dessa fruta é fácil, ela se adapta a condições climáticas adversas e floresce em diferentes tipos de solos. Além disso, por ser uma fruta bem grande, a cada 3kg (1 unidade de fruta-pão pesa, em média 2kg) é possível obter a quantidade de carboidrato suficiente para a refeição de 5 pessoas.
Ela é tão importante que existe um instituto só para estudar as suas possiblidades de uso. O Instituto Aliança para Acabar com a Fome estuda a fruta-pão a fim de conhecer melhor os benefícios do alimento na dieta diária das pessoas e como promover a distribuição dela para várias regiões do mundo que sofre com a escassez de alimentos.
Só para você ter uma ideia, quando uma criança nasce na Polinésia, uma muda de fruta-pão é plantada para garantir a alimentação dessa criança no futuro.
Detalhe: se você nunca comeu/viu essa fruta, ela tem uma textura bem próxima a da mandioca ou inhame.
Versatilidade é seu sobrenome
A fruta-pão é deliciosa amassada ou salteada com alho e azeite. Algumas pessoas também gostam de comê-la amassada com leite de coco e assada em folhas de bananeira. No Sri Lanka, por exemplo, se usa no curry de coco e, no Porto Rico, é tradicionalmente é acompanhamento do bacalhau. Esta fruta versátil também pode ser cristalizada, em conserva ou cortada em tiras para fritar.
Por ser extremamente versátil, ela pode ser preparada e consumida em todas as fases de desenvolvimento e maturidade, madura como fruta ou verde como vegetal. Hoje, frutas maduras são as mais usadas por causa da textura semelhante à batata.
É exatamente isso: pense na fruta-pão como uma batata tropical. Pode se usar para fazer purê, saladas e em inúmeros outros pratos, mas é mais nutritiva que a batata!
Por fim, quando ela amadurece, torna-se macia, cremosa e doce. Nesta fase pode ser consumida crua ou utilizada na produção de bebidas e sobremesas como pudim.
Upcycling além do alimento
A fruta-pão é extremamente versátil enquanto alimento? Sim. E melhor ainda, ela tem muitas possibilidades de uso. Até os resíduos tem valor, nada se perde. É upcycling no seu melhor!
- Repelente: a flor da fruta-pão é super eficaz para repelir insetos e mosquitos;
- Látex: a seiva da fruta-pão é útil na construção de barcos e casas e, também, na produção do chiclete;
- Tecido: as fibras da casca da fruta-pão são servem para fazer mosquiteiros, roupas, acessórios e até papel.
Resiliência climática + proteína alternativa
Como já falamos aqui, cada vez mais, no setor agrícola, uma preocupação irá aumentar: a atenção de cultivar alimentos resilientes a condições climáticas cada vez mais estressantes e imprevisíveis. E a fruta-pão se encaixa perfeitamente nessa descrição.
Cientistas do mundo todo concordam que as mudanças no clima causarão grandes danos às plantações de arroz, soja e milho ao redor do mundo. Porém, um estudo da Universidade Northwestern conclui que a fruta-pão escapará ilesa.
Uma das especialistas envolvidas no estudo, a cientista Nyree Zerega, explica que a fruta-pão pode resistir ao calor e à seca por muito mais tempo do que outras culturas. Por ser uma cultura perene, também requer menos energia (incluindo água e fertilizantes) do que outros alimentos.
E os benefícios não param por aí, ela também é uma rica fonte de proteína alternativa e é considerada um superalimento.
Hambúrguer de fruta-pão: aceita?
Se engana quem ainda acha que comida vegana não pode ser gostosa. Por acaso, esse hambúrguer tem cara de que não está uma delícia?
Aliás, é pensando nisso que a Hawai Ulu´s Cooperative desenvolveu um sanduíche em que a maior fonte de proteína vem da fruta-pão.
No Havaí essa fruta sempre foi popular e, por isso, não é de se espantar que eles já estão muito a frente quando o assunto é aproveitar todas as possibilidades que a versatilidade do alimento oferece.
Ela também está no supermercado
Convenhamos, nem todo mundo conseguirá encontrar um pé de fruta-pão ali na esquina. Quem mora nas grandes cidades, tem acesso aos alimentos apenas no supermercado mesmo. Mas isso não é um problema já que existem opções industrializadas de produtos feitos com a fruta-pão. Aqui vai alguns exemplos:
Inovações no Brasil
Apesar do Brasil possuir um clima e solo favoráveis ao cultivo da fruta-pão, o alimento aqui não é tão popular quanto deveria. Talvez porque ainda não sabemos o quanto ele é rico e versátil.
Mas já tem gente fazendo suas descobertas. Na Universidade Federal da Paraíba, por exemplo, um grupo de estudantes desenvolveu um sorvete à base de fruta-pão. Usando a polpa da fruta e adicionando castanhas à receita, o resultado foi uma sobremesa vegana.
Um exemplo a seguir
Como falamos anteriormente, assim como o Havaí, o Brasil também possui condições totalmente propícias ao cultivo desse alimento. Porém, pouco o usamos por aqui.
Assim, é preciso tomar como exemplo e começar a investir no cultivo de alimentos como esse: um superalimento, de fácil cultivo, resistente aos mais diferentes climas e, além de tudo, saboroso, nutritivo e saudável.
Diversos estudos ao redor do mundo já provaram que ela pode sim ser uma das soluções frente a insegurança alimentar. Então vamos dar uma chance dela prosperar por aqui também?
Fontes: Northwestern, Eco Business, Unique Times, Nutra Ingredients, Mongabay, Daily Mail, Diário do Nordeste, Saber Horti Fruti
COMMENTS